Vendendo em dólar e abrindo novos mercados

Em geral, cotação alta do dólar em relação ao real significa aumento das margens de lucro para os exportadores brasileiros

Em geral, cotação alta do dólar em relação ao real significa aumento das margens de lucro para os exportadores brasileiros, bem como a possibilidade de expandir a presença dos produtos no exterior com a abertura de novos mercados. Embora as previsões de câmbio dependam de diversos fatores políticos e econômicos, a perspectiva para os próximos anos é de que o dólar se mantenha alto, o que pode ser atraente para as empresas que pensam em começar a exportar ou em ampliar seu volume de vendas.

Segundo projeção divulgada no começo do ano pelo Banco Central, a expectativa é de que a moeda norte-americana permaneça sempre perto de R$ 5,10 ao longo de 2021. Depois, ela deve cair ligeiramente, para cerca de R$ 5,00, em 2022 e terminar 2023 em aproximadamente R$ 4,95. Embora haja esta pequena tendência de queda na análise feita pelos especialistas do BC, é inegável que a moeda não deve fugir de um patamar alto nos próximos anos.

Momento certo para expandir?

Este cenário de dólar alto a médio prazo é animador, mas as empresas que pretendem expandir sua produção para exportar precisam ter alguns cuidados. A cotação das moedas estrangeiras é um fator importante, mas não o único a ser levado em conta no momento de analisar a competitividade daquela marca ou de um produto específico no mercado internacional. Especialistas recomendam que o modelo de negócio seja viável independentemente das variações cambiais, o que traz segurança e continuidade para a linha de produção da empresa mesmo em momentos de baixa do dólar, por exemplo. Traçar um planejamento sólido para  internacionalização da empresa é uma ação mais importante do que se preocupar unicamente com a cotação das moedas estrangeiras.

Cuidado nas negociações!

Lembre-se disso: os importadores também estão sempre atentos à cotação das moedas internacionais (sobretudo dólar e euro) em relação ao real. Quando percebem que houve desvalorização da moeda nacional, os compradores acreditam que podem ter uma maior margem para descontos nas negociações. Cabe ao exportador ter cuidado para não ceder muito e utilizar uma taxa de câmbio conservadora para se garantir em relação ao que irá ocorrer nos próximos meses ou anos. Este cuidado deve ser redobrado quando se trata de contratos para fornecimento de mercadorias a médio ou longo prazo, o que pode expor o exportador a diversos riscos cambiais. Utilizar o hedge é uma das melhores saídas para este tipo de situação.

Outra dica importante é elaborar uma lista de preços para cada país com o qual se pretende negociar. Cada mercado consumidor tem características diferentes em relação às preferências e/ou exigências dos clientes e também à competitividade dos concorrentes. O mais adequado é ter sempre uma lista flexível, que possa acompanhar as oscilações do mercado e também levar em conta o volume importado, o que permite dar um pouco mais de desconto ao comprador e fidelizá-lo.

É essencial ter uma estratégia clara e efetiva para expansão da empresa em locais onde há pouca oferta de produtos semelhantes ou baixa concorrência, o que certamente compensará a margem de lucro menor em mercados mais concorridos. O dólar alto permite executar este tipo de ação conjunta com maior chance de êxito.

Novos mercados

O real mais barato também faz o mundo olhar com mais atenção para a produção brasileira. Geralmente, os importadores partem da seguinte premissa: quantas unidades de determinada mercadoria eu consigo adquirir com certa quantia de dólares? Obviamente, eles irão atrás dos países que ofereçam a resposta mais vantajosa para esta equação.

Cabe aos exportadores brasileiros estarem devidamente aptos e preparados para atender às exigências de qualidade, prazo e volume destes novos clientes. Por isso, momentos de dólar alto como o que atravessamos também são importantes para que as empresas façam investimentos bem planejados em melhorias em suas plantas, certificações internacionais e adequações de marca, produtos e embalagens para o mercado internacional.

Diante deste cenário cambial, os setores que lidam com commodities do agronegócio ou da indústria extrativa podem ser ainda mais beneficiados, uma vez que o Brasil já apresenta um alto nível de competitividade em relação aos concorrentes estrangeiros e pode aumentar com facilidade sua presença em novas partes do globo. O fato de o preço das commodities ser definido internacionalmente também é uma grande vantagem estratégica para estes produtores, que podem manter altas margens de lucro enquanto o dólar se mantiver valorizado.