Produto brasileiro: ele é bem aceito fora do país?
Por falta de informação ou orientação especializada, muitas empresas acabam perdendo grandes oportunidades de se posicionarem com eficiência no mercado externo
Por falta de informação ou orientação especializada, muitas empresas acabam perdendo grandes oportunidades de se posicionarem com eficiência no mercado externo. No caso das exportações, é comum acreditar que os estrangeiros querem do Brasil apenas alimentos ou matérias-primas geradas pela indústria de extração. Esta visão é equivocada: dados do Ministério da Economia referentes a janeiro de 2021 mostram que a indústria de transformação respondeu pela maior fatia das exportações brasileiras, com 8,5 bilhões de dólares em vendas (57,6% do volume total), ante 4,5 bilhões da indústria extrativa (25,4%) e 1,6 bilhão do setor agropecuário (11,25%). Ou seja: o mundo está atento aos produtos brasileiros de alto valor agregado.
Embora o carro-chefe das exportações da indústria de transformação ainda sejam itens de origem animal, vegetal ou mineral que foram beneficiados em solo brasileiro antes de serem enviados ao exterior, chamam a atenção alguns produtos que comprovam o interesse estrangeiro por mercadorias totalmente industrializadas, como veículos de passageiros (194 milhões de dólares em vendas em janeiro), partes e acessórios de automóveis (151 milhões), instalações e equipamentos de engenharia (141 milhões), pneus (78 milhões), calçados (70 milhões), móveis (54 milhões) e torneiras, válvulas e congêneres (50 milhões), entre diversos outros.
Entre os principais parceiros para este segmento industrial estão Argentina, China, Hong Kong, Macau, Estados Unidos e União Europeia, o que comprova a capacidade da indústria brasileira para atender aos parâmetros de qualidade de mercados consumidores de alta exigência.
Mercado certo
Entrar neste filão, no entanto, requer cuidado e planejamento. Neste momento, um diferencial decisivo é procurar uma assessoria especializada em comércio exterior. Além de todo o suporte para iniciar o processo de internacionalização voltado às exportações, estes especialistas usam sua expertise para conter a empolgação inicial e traçar uma estratégia clara e eficiente de posicionamento da marca no cenário internacional.
Às vezes, a ideia de ter determinados produtos nas prateleiras dos Estados Unidos ou da Europa pode ser muito sedutora, mas distante da realidade da empresa naquele momento. O mais prudente pode ser identificar um mercado mais próximo, como Paraguai, Uruguai e outros países do Mercosul, por exemplo, e iniciar as transações com volumes menores e com uma logística mais simples. Independente do mercado escolhido, é fundamental manter o fluxo de mercadorias constante, sempre com a mesma qualidade e respeitando todos os prazos combinados, sem desapontar os clientes.
Com o tempo, a empresa acaba aprimorando seus processos de exportação e pode começar a alçar voos em direção a mercados maiores e mais competitivos. A chave é entender e aprender com as fases desta trajetória e buscar a máxima profissionalização possível para atingir os objetivos traçados de início - principalmente o aumento das margens de lucro e a expansão do volume de vendas.
Oportunidades
Um planejamento bem feito pode abrir portas para nichos de mercado em países de imenso potencial de consumo. Em 2020, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) divulgou um levantamento no qual apontava grandes oportunidades para empresas brasileiras em relação a vendas para os Estados Unidos.
Um dos itens promissores sugeridos pela agência era a tilápia (inteiras ou em filés, frescas ou congeladas). Atualmente, a produção brasileira atende a apenas 5% do consumo norte-americano - que deve aumentar consideravelmente nos próximos anos com a tendência de maior procura por proteínas saudáveis entre uma população de quase 330 milhões de habitantes. Outros números que evidenciam o potencial deste setor: embora o Brasil seja o oitavo maior produtor do mundo de peixes de água doce - dentre os quais a tilápia aparece como uma das espécies mais criadas -, exportamos apenas 7,6 milhões de dólares em filés ou outras carnes de peixe congelados, frescos ou refrigerados ao longo de janeiro de 2021.
Outros segmentos destacados como interessantes para as empresas brasileiras são o da inteligência artificial e o dos jogos eletrônicos. Estes mercados crescem exponencialmente nos Estados Unidos, abrindo caminhos e oportunidades excelentes para as empresas de tecnologia, sobretudo para startups nacionais que aliem um dos principais atributos brasileiros - a capacidade de criar e inovar - à eficiência e qualidade técnica exigidas pelos países desenvolvidos.
Dados de 2018 da Entertainment Software Association (ESA) mostram que apenas o setor de jogos eletrônicos movimentou 25,5 bilhões de dólares no mercado dos EUA. Ainda segundo a associação norte-americana, a previsão é de crescimento de aproximadamente 5% ao ano até 2022, o que vai consolidar ainda mais este segmento como o principal da indústria do entretenimento, à frente do cinema, dos livros e da música.