Perspectivas do comércio exterior para o 2º semestre

Com o mundo cada vez mais próximo de uma saída definitiva para a crise econômica e sanitária provocada pela covid-19

Com o mundo cada vez mais próximo de uma saída definitiva para a crise econômica e sanitária provocada pela covid-19, é hora de olhar para frente e retomar, ampliar ou iniciar parcerias internacionais. Dados recém-divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia referentes à primeira semana de junho de 2021 apresentam um cenário muito otimista para o comércio exterior no segundo semestre. Ao longo dos sete primeiros dias do mês, as exportações somaram 4,85 bilhões de dólares, enquanto as importações ficaram na casa dos 2,42 bilhões, altas de 94,1% e 54,5%, respectivamente, na comparação com igual período de 2020. Na corrente de comércio (soma das exportações e importações), a semana alcançou 7,27 bilhões de dólares, um crescimento de 78,8% em relação à primeira semana de junho do ano passado.

 

Os números impressionam e não param por aí: o mesmo relatório traz também uma análise sobre os resultados consolidados de janeiro até junho: o superávit acumulado ao longo dos cinco primeiros meses do ano e também na primeira semana de junho é de 29,55 bilhões de dólares, uma alta de 55,3% na comparação com semelhante período de 2020. A corrente de comércio nestes quase 160 dias ficou em 197,42 bilhões (sendo 113,49 bi em exportações e 83,94 bi em importações), resultado 29,1% superior ao obtido no ano passado.

 

Na avaliação da Secex, alguns fatores importantes devem ser levados em consideração para interpretar de maneira correta estes números: além da recuperação da economia nacional e da dos principais parceiros do Brasil, há crescimento tanto em volume quanto nos valores nominais das mercadorias comercializadas pelo país. Um ponto decisivo tem sido o crescente aquecimento dos preços internacionais dos produtos brasileiros, em praticamente todos os setores e segmentos. Esta tendência de alta deve se manter no segundo semestre de 2021, o que indica que os próximos seis meses poderão ser altamente lucrativos para as empresas que desejam vender para fora. No caso das importações, a recuperação da economia brasileira deve representar uma retomada do consumo interno, o que fatalmente leva ao aumento da demanda por itens produzidos no exterior, especialmente aqueles sem fabricação doméstica ou os de alto valor agregado.

 

Mais dois elementos devem ser considerados nesta análise de conjuntura para o próximo semestre: em todo o mundo há ainda uma demanda reprimida por diversos tipos de produtos e uma atividade industrial que ficou muito abaixo da sua capacidade por conta da pandemia. Estes nós devem se soltar progressivamente no segundo semestre, puxados especialmente pelo crescimento da China, principal parceira comercial do Brasil, cujo crescimento do PIB ao longo de 2021 deve ficar próximo dos 8%, representando cerca de um terço de todo o crescimento global esperado para 2021 segundo as previsões da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).      

 

Neste cenário, as empresas brasileiras que desejam manter, ampliar ou começar seu processo de internacionalização voltado às exportações devem prestar muita atenção à sua eficiência produtiva e logística para baratear custos e apresentar ao mundo mercadorias mais competitivas em relação a preço - especialistas aguardam posturas mais protecionistas de praticamente todos os países nos próximos meses, o que tende a dificultar a entrada das mercadorias estrangeiras.

 

Quem souber realizar este processo de diminuição de despesas e repassá-lo aos clientes internacionais terá certamente uma demanda maior por seus itens nesta retomada do consumo global. Outra dica é buscar o apoio profissional de uma assessoria em comércio exterior para identificar pontos que podem ser melhorados e traçar estratégias eficientes de ação. Seguramente, as empresas que voltarem o olhar para o desenvolvimento de seus processos terão um diferencial decisivo na corrida contra concorrentes de um mesmo setor produtivo, sobretudo nos diversos segmentos da indústria de transformação, que vem apresentando altas consecutivas na sua participação nas exportações brasileiras em 2021.