Oportunidades de exportação para indústrias

Embora o dólar tenha recuado nas últimas semanas, a previsão do Banco Central (BC) é de que a moeda norte-americana termine 2021 na casa dos R$ 5,30.

Embora o dólar tenha recuado nas últimas semanas, a previsão do Banco Central (BC) é de que a moeda norte-americana termine 2021 na casa dos R$ 5,30. Este prognóstico é considerado extremamente favorável às empresas brasileiras que já exportam ou pretendem começar a exportar ainda neste ano. Se é sempre imprudente recomendar uma dedicação exclusiva às exportações, é razoável aconselhar que as empresas passem a olhar com ainda mais atenção para os potenciais de ganho das vendas para fora do país, mesmo considerando a importação de insumos - também negociados em dólar - para a ampliação ou diversificação de suas linhas de produção. No artigo de hoje, pretendemos traçar um panorama para a indústria de transformação brasileira e indicar alguns caminhos que podem ser tomados para que os fabricantes nacionais possam se beneficiar deste câmbio tão favorável às exportações.

 

Ainda que os dados registrados ao longo de 2020, sobretudo no primeiro semestre, demonstrem o grande impacto da pandemia da covid-19 em praticamente toda a cadeia econômica, a comparação com 2021 é animadora ou, pelo menos, indica uma importante recuperação do setor. Segundo levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, nas três primeiras semanas de junho o Brasil alcançou 18,3 bilhões de dólares em vendas para o exterior, sendo que 45% desse resultado (cerca de 8,3 bilhões) são provenientes da indústria de transformação, que cresceu 45,8% na comparação com as três primeiras semanas de junho de 2020.

 

No topo da lista, os principais produtos exportados seguem sendo aqueles ligados ao beneficiamento primário de commodities agropecuárias ou de matérias-primas da indústria extrativa (por exemplo: derivados de petróleo, farelo de soja, celulose, açúcares, diferentes tipos de proteína animal processada, produtos semiacabados de ferro ou aço, óleos vegetais, etc). Entretanto, entre as manufaturas com maior grau de elaboração também há indicativos interessantes: segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que analisou a balança comercial brasileira entre os meses de janeiro e abril de 2021, houve crescimento de 35,4% nos volume exportado de bens de consumo duráveis na comparação com semelhante período de 2020. No caso dos não duráveis, o aumento foi de 12,3%, enquanto os semiduráveis tiveram alta de 10,7% e, os intermediários, de 3,3%. Considerando apenas abril, a expansão foi de 197,3% nas vendas de bens duráveis e de 134,4% nos semiduráveis.

 

Ainda segundo a análise da FGV, os segmentos que tiveram maior crescimento nestes quatro meses analisados pelo estudo são: impressão e reprodução de gravações (alta de 629,2% na comparação com janeiro-abril de 2020), móveis (+53,6%), máquinas e equipamentos (+28,5%), produtos de informática (+19,7%), produtos de madeira (+15,1%), itens farmoquímicos ou farmacêuticos (+15,1%), produtos de metal excetuando máquinas (+9%), entre outros.

 

Segundo especialistas do sistema Fiep, os empresários brasileiros precisam se preparar e buscar capacitação para poderem aproveitar este bom momento sem enfrentarem sobressaltos no futuro. Outra dica fundamental é buscar o apoio de uma empresa de assessoria em comércio exterior para conseguir identificar com precisão os pontos fortes e fracos de determinada indústria e realizar o processo de internacionalização com estratégia, segurança e lucratividade. Também é importante realizar investimentos, ainda que pontuais, para ampliar o volume de produção com antecedência ou, então, para diversificar mercadorias ou aprimorá-las, obtendo maior valor agregado para os produtos e, por tabela, abrindo novos - e melhores - mercados para eles. Muita gente já está se mexendo: de acordo com dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), também da FGV, em abril de 2021 a indústria de transformação importou 28,9% mais máquinas e insumos do que em abril de 2020. Já nos bens intermediários, a alta foi de 31,2%.