O mundo quer mais alimentos industrializados do Brasil

Você já deve ter reparado que usamos bastante a palavra oportunidade em nossos artigos, não é mesmo?

Você já deve ter reparado que usamos bastante a palavra oportunidade em nossos artigos, não é mesmo? Não é à toa: isso acontece porque o comércio exterior é realmente sinônimo de oportunidade, seja para quem importa ou para quem exporta. A crise gerada pela pandemia da covid-19 serviu, entre outras coisas, para abrir novos caminhos, novas portas e estabelecer novas demandas para empresas que estão preparadas a atentas às chances de negócio. O foco do nosso texto de hoje é o crescimento do potencial para exportação de alimentos industrializados.

 

Demanda crescente

 

Nós sabemos que o Brasil é um dos principais celeiros do mundo, seja para fornecer commodities agrícolas tradicionais como soja, milho e trigo, seja para abastecer diversos países com nossa proteína animal, especialmente a carne bovina e o frango. O que passa batido, no entanto, é que o Brasil é o segundo maior exportador do mundo de alimentos industrializados em volume de mercadorias, levando seus produtos para cerca de 190 países. Segundo levantamento de 2020 do Ministério da Economia, os principais mercados para estes itens são a Ásia (45,7% do volume), o Oriente Médio (16,2%) e a União Europeia (13,8%).

 

Dados dos Sistemas de Comércio Exterior (Siscomex) compilados pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) são ainda mais animadores para demonstrar a aceitação dos alimentos processados brasileiros: as exportações de industrializados cresceram 11,4% na comparação entre 2019 e 2020, com faturamento que passou de 34 para 38 bilhões de dólares (de 135 para 196 bilhões de reais). Detalhe: 21 destes 38 bilhões foram comercializados apenas no segundo semestre do ano passado, o que comprova o aumento da demanda nos últimos meses.

 

Outra estatística interessante: enquanto em 2019 a participação das exportações para as vendas totais da indústria de alimentos estava na casa dos 19% (contra 81% do mercado interno), em 2020 esse índice pulou para 25%. Além disso, os alimentos industrializados responderam por 18,2% do total de exportações brasileiras em 2020, ante 15,2% em 2019.

 

Um dos fatores que explicam essa importante expansão é a forte demanda por processados por parte da China, principal parceira comercial do Brasil e que segue dependendo consideravelmente da nossa produção de alimentos. Mas há espaço para mais crescimento, garante Ricardo Kono, diretor da W.Brazil Trader, empresa de assessoria em comércio exterior. “Temos trabalhado bastante na abertura de mercados e estabelecimento de contatos em diversos países para clientes nossos que produzem alimentos processados, que têm bom valor agregado. Entre os itens que são mais procurados pelos consumidores internacionais estão bolachas, macarrão, enlatados diversos, barras de cereais, laticínios e derivados, pães, entre outros produtos. Existe uma grande demanda por esta gama de itens e o interessante é que há muito espaço para empresas pequenas ou médias, ou seja, não é um território dominado por indústrias gigantes ou conglomerados”, aponta.

 

Outro fator decisivo é que em meio à crise sanitária gerada pela covid-19, o mundo percebeu no Brasil um parceiro ainda mais confiável quando se trata de garantir a segurança alimentar de diversos países com produção alimentícia mais frágil. Enquanto houve substancial redução nas exportações em muitas partes do globo, que precisaram priorizar seu abastecimento interno, o Brasil conseguiu expandir suas vendas, tornando-se ainda mais relevante neste cenário e ampliando o portfólio de produtos e mercados consumidores. Para a Abia, a perspectiva para os próximos anos é de que o Brasil também se torne, além de celeiro, o supermercado do mundo.

 

Feiras

 

Uma dicas para quem deseja começar a exportar alimentos processados é ficar atento às feiras internacionais, que por enquanto estão adotando modelos online, mas que a partir de 2022 devem retomar seu movimentado calendário de eventos presenciais. No comércio internacional de alimentos, as feiras são decisivas para o estabelecimento de contatos e a concretização de negócios.

 

“É importante que as empresas brasileiras já estejam preparadas para esse retorno das feiras no ano que vem. Quem planejar e já começar a elaborar sua marca, seus catálogos e se informar sobre as regras e certificados exigidos para os produtos certamente sairá à frente da concorrência quando elas retornarem”, recomenda Kono.

 

No entanto, como vimos, não é necessário esperar até 2022 para levar suas mercadorias ao mundo. O panorama é de crescimento acelerado e consolidação de reputação para os alimentos industrializados brasileiros ainda ao longo de 2021.