O consumo vai crescer: importe para sair na frente

Esta recuperação deve ser impulsionada por um dos carros-chefes da economia brasileira, o consumo

Após mais de um ano de pandemia, as perspectivas para o segundo semestre de 2021 começam a ficar um pouco mais animadoras. Mesmo reconhecendo que o país ainda enfrenta as consequências econômicas da covid-19, especialistas acreditam que o cenário irá melhorar gradualmente ao longo do ano. Esta recuperação deve ser impulsionada por um dos carros-chefes da economia brasileira, o consumo. Embora ainda não consiga precisar em percentuais esse crescimento do consumo, análise feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que o varejo é um dos setores que deverão ter melhor desempenho em 2021.

 

Neste contexto, as empresas brasileiras especializadas no comércio ou na distribuição de produtos importados precisam se preparar para aproveitar este reaquecimento e obter ganhos que possam mitigar e até superar o resultado negativo da instabilidade enfrentada nos últimos meses.

 

Como vimos no artigo anterior, a pandemia trouxe uma mudança significativa e aparentemente definitiva nos hábitos de consumo do brasileiro. Ao longo de 2020, 56% dos brasileiros fizeram uma compra online pela primeira vez. Mesmo assim, existe uma enorme demanda reprimida por itens que geralmente são adquiridos presencialmente, o que deve impulsionar as vendas nas lojas físicas.

 

Para Ricardo Kono, diretor da W.Brazil Trader, empresa de assessoria em comércio exterior, os empresários precisam se preparar para atender a esta demanda, que deverá ser mais exigente do que antes da pandemia. Isto obriga o setor a buscar produtos de melhor qualidade e com melhores preços no mercado externo.

 

“É inegável que o comércio online teve um boom que irá persistir por um bom tempo, mas a volta do comércio físico também é um fato. Os clientes vão retornar às lojas, vão voltar aos shoppings, estarão atrás de bens duráveis e farão aquelas compras que exigem confiança, a presença diante do produto, o contato com o vendedor. Por isso, é importante se preparar para o segundo semestre. Um primeiro passo é iniciar as prospecções em busca de produtos fora do país”, recomenda.

 

Outra vantagem do comércio físico é a agilidade para a entrega das mercadorias, um atrativo que sempre pesou nas escolhas do consumidor brasileiro, tradicionalmente acostumado ao imediatismo nas transações comerciais. Este pode ser um fator decisivo nesta disputa de forças entre as lojas físicas e online. “Quem estiver preparado para atender com mais rapidez, prazos curtos e capacidade de honrar esses prazos sairá na frente. Então é fundamental fazer um planejamento com antecedência para ter essa vantagem em mãos”, afirma.

 

Novas demandas

 

As importações podem ser extremamente lucrativas para quem está atento às novas demandas de consumo que já surgiram com a pandemia e devem fazer parte do nosso cotidiano por um bom tempo - em alguns casos, para sempre.

 

Levantamento publicado pela revista Forbes aqui no Brasil analisou as tendências para diversos setores e apontou que haverá um crescimento expressivo na procura por itens de tecnologia (de computadores e aparelhos eletrônicos a dispositivos para casas inteligentes); decoração (com as medidas de isolamento, nos voltamos mais para nossos lares); serviços (cada vez mais digitalizados); beleza (com aposta em produtos que valorizem a beleza natural, mais leves); educação (o ensino a distância já vinha em uma crescente e se consolidou de vez com as restrições provocadas pela covid-19); lazer (games e serviços de streaming tiveram um grande boom porque as pessoas estão ficando muito mais tempo dentro de casa); moda (com foco em peças mais práticas, leves e cleans); e bebidas (com ênfase no consumo de vinhos, que cresceu 72% em 2020 na comparação com 2019).

Para todos estes segmentos, o mercado externo apresenta produtos, fornecedores e oportunidades de negócio que não são encontrados dentro do Brasil - e o consumidor brasileiro está cada vez mais exigente, aceitando pagar um pouco mais por marcas renomadas ou itens de qualidade superior geralmente encontrados fora do país.