Negociando com a China: segredos e dicas

Nossa primeira parada é a China, com quem movimentamos 101 bilhões de dólares

O artigo de hoje abre uma série de textos que preparamos esmiuçando características e detalhes das transações com os principais mercados parceiros do Brasil, tanto nas importações quanto nas exportações. Nossa primeira parada é a China, com quem movimentamos 101 bilhões de dólares, ao longo de 2020, na chamada corrente de comércio (soma dos valores de exportação - 67,8 bi - e importação - 34 bi). Aliás, foi a primeira vez na história que o Brasil superou a marca dos 100 bilhões de dólares em negócios com um mesmo país. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.

 

Estes números impressionantes comprovam que a China é, de longe, o principal parceiro comercial do Brasil, o que nos obriga a entendê-lo cada vez mais para obtermos melhores resultados em qualquer transação. Abaixo, preparamos alguns tópicos com os principais segredos e dicas para quem pensa em iniciar processos de compra ou venda com os chineses.

 

Reputação é tudo

 

Lembre-se sempre que os chineses lidam todos os dias com milhões de empresas do mundo inteiro que desejam vender para eles. Para se destacar neste cenário extremamente concorrido é fundamental ter um bom produto, com bom preço e uma excelente reputação. “O segredo é conquistar a confiança deles vendendo primeiro a sua empresa, comprovando que ela tem as certificações necessárias e atende aos critérios exigidos por eles. O preço é sempre um diferencial importante, mas não é necessariamente o decisivo. Sempre percorremos o seguinte caminho: primeiro demonstramos a competência das empresas que assessoramos e sua reputação no comércio exterior. Depois, apresentamos o produto e seu preço”, explica Ricardo Kono, diretor da W.Brazil Trader, empresa de assessoria em comércio exterior.

 

Ele também destaca que o mercado chinês não costuma ser fácil para quem nunca realizou a internacionalização da marca, ou seja, quem ainda não tem um bom histórico de negociações de sucesso no mercado externo. Esse é um critério muito utilizado pelos compradores da China para selecionar seus parceiros. “É um mercado que exige um nível de maturidade maior. É possível acelerar este processo recorrendo a consultorias, por exemplo. A própria Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) tem programas voltados exclusivamente para a China. Com informação, planejamento e estudo da linha na qual se pretende atuar, as chances de ‘queimar fichas’ diminuem consideravelmente”, aconselha Kono.

 

Cuidado com a comunicação!

 

Tanto nas exportações quanto nas importações é vital trabalhar com tradutores e converter seus materiais de divulgação, portfólios e demais documentos para o mandarim. Embora o inglês seja a língua comercial por excelência, muitas vezes ela não é tão fluente na China, o que pode prejudicar o andamento das negociações ou as relações após o fechamento dos contratos.

 

 

Saiba exatamente o que você quer

 

Aqui, novamente a experiência em comércio exterior fala mais alto. Antes de bater na porta das indústrias chinesas, é essencial ter no papel todos os detalhes técnicos do produto que se quer encontrar. Com isso em mãos, fica mais fácil rastrear as melhores oportunidades de negócio e evitar armadilhas.

 

“Entendendo com precisão a demanda do nosso cliente, conseguimos fazer cotações detalhadas, análises de viabilidade e simulações de importação conforme a necessidade mensal, bimestral ou semestral, por exemplo. Também acionamos ferramentas para analisar a confiabilidade dos produtores e para encontrar as melhores opções de fornecimento. Temos, inclusive, uma sede na China que nos ajuda a fazer este trabalho indo até as fábricas para inspeção e nos enviando fotos, documentos e relatórios completos das mercadorias. A partir daí, conseguimos fazer os processos de cotação, checagem e validação não só na China como na Ásia inteira, chegando ao melhor fornecedor para aquilo que precisamos importar em relação a qualidade, preço e volume”, detalha Kono.

 

Com todas estas informações apuradas in loco, o importador brasileiro tem a segurança de fazer a melhor escolha com baixos riscos e a maior margem de lucro.

 

Outro fator que pode complicar: os chineses são excepcionais produtores, mas eventualmente não tão bons no marketing, ou seja, às vezes não há muita clareza na apresentação ou informações dos produtos deles - embora a China venha investindo e evoluindo muito nesses quesitos. Por isso, na maior parte das vezes contar com um apoio especializado ajuda a evitar problemas”, alerta