Gargalos da exportação: como driblá-los

No dia 24 de junho, a moeda americana fechou em R$ 4,90. A última vez que isso ocorreu foi também em junho, só que de 2020.

Demorou quase um ano para o dólar ficar abaixo dos 5 reais. No dia 24 de junho, a moeda americana fechou em R$ 4,90. A última vez que isso ocorreu foi também em junho, só que de 2020.

A variação cambial atinge de maneira direta a economia brasileira. Atualmente, a cotação está, novamente, um pouco acima de R$ 5,00 (a oscilação está entre R$ 5,10 e 5,30), mas nada tão assustador quanto os quase R$ 6,00 no auge da pandemia. É sempre bom lembrar que quanto maior a cotação do dólar, melhor para a exportação brasileira. Quando olhamos para a nossa indústria, em especial, valores acima de R$ 5,00 podem ser uma das formas de driblar os gargalos da nossa economia. Segundo o IBGE, o crescimento de janeiro a março de 2021 foi de 1,2%.

A instabilidade cambial gera impacto direto nas exportações brasileiras. Antes da pandemia do coronavírus, a moeda flutuava em torno de dois a três centavos em um dia. No momento atual, pode oscilar em até 15 centavos com certa frequência. Com tantas variações, os empresários têm dificuldades para fazer planejamentos de médio e longo prazo. O diretor da W. Brazil Trader, Ricardo Kono, destaca que a alta da moeda americana favorece as exportações. “Já quando há uma queda brusca, impacta diretamente a rentabilidade dos exportadores. Às vezes, pode até inviabilizar a exportação dependendo dos  preços acordados em dólar”, pondera.

 

Spread cambial: média de cotação minimiza eventuais perdas

 

Kono orienta os clientes a fazer um controle do spread cambial. “É importante haver uma margem nos preços negociados para minimizar eventuais perdas com a variação da moeda americana”, aponta. Ele ainda lembra que o mercado externo é sensível a aumentos “não programados” de preços. “Nos contratos fechados, o importador do nosso produto espera que não haja alteração nos valores por pelo menos um ano”.

Outra dificuldade enfrentada pelos produtores nacionais é o custo Brasil. Kono assegura não se tratar de meras lamentações empresariais. O desembolso com a logística tupiniquim é, efetivamente, muito alto. A infraestrutura dos modais de transportes está aquém das necessidades. Isso onera o preço final dos produtos.

Para maximizar as oportunidades, a W. Brazil Trader alia-se às necessidades dos clientes buscando as melhores opções para escoar a produção. “A relação custo benefício entre os portos de Santos e Paranaguá favorece a saída pelo Paraná”, exemplifica. Além disso, a W. Brazil negocia valores, identifica possíveis centros de distribuição em lugares estratégicos. “Todo este esforço serve para otimizar os resultados de toda a cadeia produtiva até o despacho além fronteiras”, ressalta Kono.

 

Acordos comerciais específicos podem favorecer indústria brasileira

Quando se fala em acordos comerciais, o Brasil também fica a dever para o empresariado. Basicamente, temos apenas o Mercosul e Israel como parceiros de negócios com acordos específicos e benefícios fiscais. Este gargalo atrapalha muito a exportação nacional.

Historicamente, o Brasil é um mercado que olha pra si, é muito protecionista com a própria indústria. Desta forma, tudo aquilo que conseguimos produzir no país, possui uma alta taxa de importação. Mobiliário, por exemplo, é tributado em 18%. “Carros, bebidas e o setor têxtil também apresentam taxas elevadas”, acrescenta Kono. O olhar objetiva proteger a indústria local em detrimento do mercado externo.

Como solução, a W. Brazil Trader pesquisa e indica parcerias com outros países onde haja, concretamente, competitividade, com ou sem acordos comerciais. “Nós tentamos entender cada segmento de atuação que nos procura e, com base nessa necessidade, analisamos os mercados potenciais”, observa Kono. Entretanto, o diretor alerta sobre as exigências dos compradores de fora. “Se você quer exportar, eleve o nível da sua empresa. Invista em qualidade, busque as certificações internacionais, adeque os processos internos. A régua do mercado internacional é alta e, qualquer falha, pode inviabilizar a sua empresa”, finaliza.