Confira produtos que devem estar no seu radar de importação

Dependendo do setor de atuação, essa é uma grande oportunidade para cortar intermediários e reduzir custos

Com a tendência de queda do dólar, quem deseja iniciar ou expandir suas operações de importação precisa olhar com muita atenção para alguns gêneros de produtos que podem ser trazidos de fora e que estão em alta no Brasil, ou seja, têm grande demanda no mercado interno. Dependendo do setor de atuação, essa é uma grande oportunidade para cortar intermediários e reduzir custos ou, então, fazer sua empresa crescer e se consolidar como uma distribuidora de algumas dessas mercadorias para outras empresas.

 

Neste cenário, destacam-se itens que podem ser fornecidos sobretudo a e-commerces, setor extremamente aquecido desde o início da pandemia da covid-19. Pesquisa feita pela plataforma de pesquisa e consultoria Ebit/Nielsen aponta que em 2020 13 milhões de brasileiros compraram em lojas virtuais pela primeira vez. No total, o comércio online teve 79,7 milhões de clientes, uma alta de 29% na comparação com 2019. O faturamento dos e-commerces cresceu 41% em 2020, atingindo a expressiva marca de R$ 87,4 bilhões gerados em 194 milhões de compras entre janeiro e dezembro do ano passado, conclui o levantamento.

 

Segundo Ricardo Kono, diretor da W.Brazil Trader, empresa de assessoria em comércio exterior, alguns produtos estão em um momento particularmente interessante para quem deseja importar: bicicletas e assessórios, eletrônicos em geral, cadeiras gamer e demais aparelhos, equipamentos e partes de computador voltados para jogos eletrônicos; fones de ouvido de vários tipos e modelos, mouses, teclados e computadores em geral; artigos diversos para pets; resinas de injeção plástica e químicos para espumas; e placas fotovoltaicas e demais componentes para painéis solares - ao longo de 2020, este segmento apresentou 45% de crescimento, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), e muitas fábricas brasileiras importam praticamente todos os elementos para montá-los em território nacional.

 

“É muito importante que as empresas que atuam ou desejam atuar no comércio exterior fiquem atentas a este tipo de oportunidades e coloquem estes produtos em seu radar. Alguns deles estão escassos no mercado brasileiro e têm uma demanda muito grande. São chances interessantes que às vezes podem passar batidas caso não seja feito um mapeamento correto dos mercados e fornecedores disponíveis mundo afora”, afirma.

 

Cuidado com os saturados!

 

É novo no comércio exterior e quer aproveitar a alta demanda gerada pela pandemia por equipamentos de proteção individual como máscaras, luvas ou face shields? Ou, então, entrar no campo de medicamentos? Talvez essa não seja a melhor hora para negócios deste tipo.

 

“Nós sempre fazemos estudos de viabilidade para nossos clientes e, hoje, eu não recomendo a ninguém entrar nessas áreas, que já estão saturadas. O mundo inteiro está atrás dessas mercadorias, então as empresas que já operam têm preferência com os fornecedores confiáveis, que estão trabalhando duro para dar conta da demanda. Neste cenário, restam fornecedores desconhecidos que também querem aproveitar essa onda. Neste tipo de situação, estamos falando de uma aventura e isso pode sempre acabar mal, especialmente quando uma empresa decide operar sem a ajuda de quem conhece o comércio externo”, alerta.

 

Ciclos de importação

 

Em um dos nossos últimos artigos, falamos sobre as diversas etapas que compõem o prazo médio para importação de produtos. No total, leva-se cerca de 3 meses entre a confirmação da ordem de compra, a produção, o transporte e a liberação da carga no portos brasileiros para os compradores. Tendo isso em mente, torna-se muito importante entender como funcionam os ciclos do mercado externo e se antecipar para evitar os períodos de sobrecarga da logística marítima e, por tabela, de alta no preço dos fretes.

 

“O segundo semestre, especialmente a partir de agosto, é tradicionalmente a época de pico da movimentação de cargas no mundo inteiro. Então a tendência é que a gente tenha uma queda no preço dos frentes até junho e julho. Depois, os custos começam a subir novamente, até atingir os maiores patamares em outubro e novembro, quando o comércio exterior fica extremamente aquecido por conta do Natal. É importante estar sempre atento a essa sazonalidade dos fretes”, explica Kono. Segundo ele, empresas brasileiras que pretendem importar pensando nas vendas de final de ano precisam planejar suas importações e antecipá-las ao máximo para minimizar as despesas de logística e maximizar lucros.