Comércio exterior para pequenas empresas: por onde começar

É muito comum pensar que importações e exportações só servem para grandes empresas ou multinacionais.

É muito comum pensar que importações e exportações só servem para grandes empresas ou multinacionais. Isso não é verdade. Com a simplificação dos processos, a desburocratização das operações e o aumento da agilidade nas transações e prazos, atuar com bons resultados no comércio exterior é possível para empresas de qualquer tamanho. No entanto, o mercado externo é mais complexo que o interno por conta de legislações internacionais, acordos econômicos, particularidades tributárias, questões logísticas e variações cambiais, entre outros vários pontos que devem ser levados em consideração. Internacionalizar a empresa é um processo que exige estruturação e conhecimento do percurso a ser percorrido.

 

Capacitação e planejamento

Um bom ponto de partida para quem já se decidiu pelo comércio exterior é a capacitação. Empresários e gestores familiarizados com procedimentos, regras e até mesmo o vocabulário próprios ao mercado internacional levam vantagem em relação a concorrentes que não se preparam. Regularmente, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) oferece cursos e serviços focados na internacionalização das empresas brasileiras. Entre eles se destaca o Programa de Qualificação para Exportação (Peiex), voltado justamente para quem está começando. A orientação é gratuita e, ao final do atendimento, garante ao empresário um plano de exportação para sua inserção no mercado externo.

Paralelamente, o suporte de assessorias especializadas garante um planejamento cauteloso e mais seguro para ajudar a empresa a descobrir o momento adequado de iniciar suas operações. Um exemplo: determinada empresa deseja exportar seus produtos ou importar mercadorias. Com a ajuda de uma assessoria é possível elaborar planilhas com todos os custos envolvidos, de ponta a ponta. Se, ao final desse processo, a empresa perceber que o câmbio, naquele momento, lhe é desfavorável, o trabalho não está perdido: dali seis meses ou um ano, por exemplo, a variação cambial pode se tornar favorável e essa empresa certamente sairá na frente dos concorrentes por já ter iniciado seu planejamento e conhecer as características desta oportunidade de negócio.

Também é nesta etapa de planejamento que a empresa precisa começar a calcular os investimentos necessários para aumentar sua escala de produção (caso já esteja operando próximo de 100% de sua capacidade para atender o mercado interno) e para organizar a separação dos processos e produtos destinados ao mercado externo. No caso de quem deseja exportar diretamente, é ainda necessário alterar o contrato social da empresa, adicionando exportação entre as finalidades.

Prospecção de mercados

De início, é fundamental saber qual é a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) do produto que se deseja exportar ou importar. Sem isso em mãos, torna-se inviável tentar encontrar clientes ou fornecedores. É possível consultar o NCM de uma mercadoria no site da Receita Federal. “No caso das exportações, com essa informação a empresa pode procurar o Setor de Promoção Comercial (SECOM) das embaixadas brasileiras nos países para os quais deseja vender e fazer uma consulta gratuita para descobrir se há demanda. Outra opção é participar das feiras internacionais, chamadas de marketplaces, que atualmente comercializam vários produtos. No caso das importações, os maiores fornecedores estão na Ásia, portanto participar de feiras dessa região aumenta as possibilidades de negócio”, destacam especialistas do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP).

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Certificação

As certificações são muito importantes para quem deseja exportar, já que geralmente os produtos precisam atender a diversos requisitos e exigências do mercado para o qual serão enviados. É vital ficar atento às regras do país-alvo, ou seja, às regulações feitas pelas instituições locais para aquela mercadoria específica. Para comprovar o cumprimento dessas regras é preciso obter certificações internacionais. “Quando a empresa brasileira possui certificações de qualidade, sustentabilidade, boas práticas, entre outras, ela obtém um diferencial importante, especialmente diante de clientes de países desenvolvidos”, destaca o CIN.

Quem atua no setor de proteína animal e deseja exportar para o Oriente Médio, por exemplo, deve obter a certificação Halal, conferida por entidades islâmicas para atestar que os alimentos seguem as regras culturais e religiosas do povo muçulmano. Essa certificação é um requisito obrigatório em todos os países islâmicos. É possível obtê-la, aqui no Brasil, junto a certificadoras autorizadas.

Outra certificação importante é a para produtos orgânicos, que garante ao importador estrangeiro que os alimentos não tiveram uso de defensivos agrícolas em seu cultivo e produção. Há diversas certificadoras cadastradas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que conferem esse selo reconhecido internacionalmente.

Empresas que desejam aumentar seu mercado globalmente também podem obter o Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF), documento concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para atestar que as linhas de produção foram inspecionadas e aprovadas. Atenção: o certificado precisa ser renovado a cada dois anos.