China pós-pandemia: quais as oportunidades?

A história registra os investimentos do governo autocrático chinês na ânsia de ampliar e conquistar novos mercados.

Os Estados Unidos são a principal economia do mundo com um PIB estimado em cerca de US$ 20 trilhões. A China vem logo a seguir com números muito robustos: PIB de quase US$ 15 trilhões e um dos poucos países que cresceu mesmo em ano pandêmico. Enquanto a retração global foi de 4,2% em 2020, os chineses “ostentam” 1,8% de expansão econômica. Os dados são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A história registra os investimentos do governo autocrático chinês na ânsia de ampliar e conquistar novos mercados. O país possui uma política de produção de baixo custo e trabalhos intensos de feiras na China e por todos os países do globo.  Eles são a principal fonte de diversos produtos industrializados do mundo. Tornaram-se “gigantes” e isso gerou muitas preocupações com todos os que se relacionam comercialmente com a China. Com a pandemia, o estado de alerta dos parceiros ficou ainda maior porque começaram ocorrer atrasos e problemas para atender os pedidos.

Preocupados com a expansão do poderio chinês – que por consequência também teve um aumento no custo de produção – gigantes mundiais têm mudado os fornecedores para outros países do oriente do globo. Só o governo japonês, por exemplo, concedeu US$ 2,2 bilhões em incentivos para empresas trocarem de espaço territorial.

Se por um lado o país é o grande fabricante de produtos, por outro, não dá conta de alimentar tanta gente. “Já faz alguns anos que a China está adquirindo terras em diversos países da África, Argentina e, inclusive, o Brasil”, afirma Ricardo Kono, diretor da W.Brazil Trader. É necessária muita área produtiva em alimentos para dar conta de suprir a carência alimentar da população.

 

 

Covid aumentou desconfiança e afetou a logística

 

Desde o surgimento do primeiro caso do coronavírus, os olhos do mundo se voltaram para a China. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo menos aparentemente, foi um crítico severo da forma como o governo do país asiático tratou as informações sobre a Covid-19. De certa forma encurralados, a China também respondeu “rápido” e adotou medidas extremamente rígidas para lidar com a pandemia.

“A China objetiva Covid-19 zero. Hoje, quando tem um caso, eles decretam lockdown, fecham a cidade e isso gera implicações comerciais de toda a ordem”, explica Kono. O principal reflexo é o caos logístico, com absurdos aumentos nos fretes – como apontado em textos anteriores. “Isso tem gerado muitos atrasos na liberação de navios prejudicando os negócios de muitas empresas mundo afora. Além disso, muitos eventos ainda têm sido cancelados por receio do coronavírus”, complementa.

Os empresários mais atentos já haviam percebido que não poderiam depender exclusivamente da China. A pandemia apenas potencializou esta sensação. Tanto que muitos fornecedores estão deixando o solo chinês. “Avalio como positivo olhar outras oportunidades. É certo que a China não poderia permanecer em ‘voo de cruzeiro” econômico por tanto tempo”, analisa Kono. “Eles são uma potência, ainda vão crescer mais, porém, outras alternativas estão surgindo na Índia, Vietnã, Malásia, entre outros”, completa.

Para o diretor da W.Brazil Trader observar este movimento de mercado libera o empresário brasileiro para negociar com outros fornecedores. “Nós estamos atentos a essa situação e ampliando cada vez mais o leque de empresas com quem podemos fazer negócios internacionais. Tudo de maneira segura e transparente para dar segurança a quem deseja importar e exportar. A China é poderosa, mas existem possibilidades diversas”, conclui.